Friday, November 17, 2006

Tamanho P

A etiqueta apareceu
Chamando seus dedos para escondê-la
O tamanho era P
Que gentileza a sua
e grande a minha vontade de também estar pelo avesso
Tamanho P - você leu
era hora de amar
Eu olhei- era hora de deixar
Fomos para longe
para do avesso continuar

Pedagogia

Os desajeitos sexuais só tornan-se piores quando uma parte do "pair" não sabe ensinar a outra parte.E quando isso ocorre, aimeudeus você está realmente fodido.Portanto, não fique mal acostumado com alguém ciceroneando sua incapacidade pelas ruelinhas tortas e bêbadas do prazer.Ouça, enquanto queiram te ensinar ! Mas ouça com atenção...
-Pára,pára.. ( é certo que você acha que não é pra parar).
-Não,não ( eu não disse ?)
-Tira essa mão da minha nuca e enfia ..
- A mão ?
-Dois dedos !
-Quais tu quer ?
-O fura bolo e o mata-piolho.

Tuesday, November 07, 2006

ensaio

Pelas frestas da parede entram ventos que gelam toda a casa.A cozinha é último refúgio.A lenha queima e esquenta a chapa do fogão,imprimindo o cheiro de esconderijo nos longos cabelos das moças.
Este ano o inverno chegou mais cedo, surpreendendo aos maricás que tardaram a florada e às agulhas apressadas que costuraram roupas quentes, ponchos de lã, calças para os pequenos.Era preciso prover e logo os agasalhos para os homens que saiam para o campo, para o pai que seguia para Torres toda a semana.
Vovó Serafina viria tão logo tratasse dos bichos .Ela sempre vinha após de ter feito sua tarefa diária.Descia da chapada todos os dias , desde que sua comadre se fora.Ajudava as moças na lida , com a doença da Teresa, nas carneações, nas costuras apressadas.Ela alegrava ,trazia da sua casa que ficava na chapada do morro, além de uma respiração cansada, sorriso e carinhos para as moças e pequenos que alí viviam sem a mãe.Dona Josefa.
Teresa respondia de dentro do quarto ao que a Vovó Serafina perguntava.As respostas eram exclusivas para ela e para a alma , forçosamente penada,de Dona Josefa.Desde a morte da mãe, a mais bonita das filhas caiu em fraqueza e delírios.Passava dias inteiros conversando com a mãe morta, que agora era um vestido de chita guardado no baú do quarto.As outras irmãs levavam comida, abriam a janela do quarto, mas tinham medo dela.Tinham medo do corredor que alongava o caminho para o quarto da insone delirente, pois desde os primeiros passos se ouvia a conversa das duas.As mais novas espiavam pelas frestas da parede, pelo lado de fora.Assustadas, sempre corriam ao simples cair de uma laranja azeda do quintal.
....

Monday, November 06, 2006

Registros

Coisas que eu não posso esquecer : José Inácio Correa Filho, Baiano Candinho,Zé Farofa,vó Josefa,bisavó Maria,Três Forquilhas,Três Cachoeiras,Chimarrão,Bugres...Ah, e o exílio de meu pai.Tantos registros no final de semana.Preciso sentar e pensar, logo,escrever.Por enquanto, correr para aula !!

Thursday, October 12, 2006

Friday, September 01, 2006

Cecéu

"Passei a tarde inteira te criticando,voando e arrebatado por ti.Estou exausto.Olhe pra isso !"

Tuesday, July 11, 2006

Gados carimbados

"Menina tonta. Depilou a virilha para deitar-se com um novo cara.Pensando ser ele o dono do primeiro pau marginal que usaria . Cansada dos "paus de família". Estava alegre com a novidade.
Tão precoce quanto à esporreada, foi a decepção.Outro mimoso em sua vida...
Desde pouco,pouquíssimo tempo, na verdade,ela não se ilude mais com homens tatuados. São apenas gados carimbados e não marginais com os quais ela sempre sonhou".

Sunday, July 09, 2006

Pulando corda

"Moça bonita com quem quer casar ? Loiro,moreno ? Negro ou sarará ? Rei,capitão ? Soldado ou ladrão ? "...

Friday, June 30, 2006

Deutschland

Well,foi o terceiro jogo da copa que assisti.Estamos nas semi-finais ? ( cacete...caso eu escreva mais duas linhas sobre futebol soquem na minha goela abaixo todos meus comprimidos moderadores de loucura).
Não será preciso.Deixe minha goela escolher o que socar abaixo.O assunto já é outro : desajeitos sexuais.
Há quem vá muito rir disso ao lembrar das confidências feitas a minha pessoinha.E agradecendo pela troca de nomes afim de proteger a honra e glória destes assombrosos palhaços de alcova, irão me beijar a testa um dia !
-Tá frio,né? Tu tem outro cobertor desses ?
-Tenho só um edredom murcho já do uso.
-Pode ser.Vou dormir aqui no teu sofá.
-Capaz, este sofá também está murcho do uso.Veja como o sofá de dois lugares está com as nádegas caídas.Antes eram bem rechonchudas.
-Vou dormir neste de três lugares que está com apenas uma nádega murcha.Onde vou colocar a almofada pra compensar ...
-Toma aí.
-Valeu.
-Se ficar com frio vem pra cá.
Ele tremia de frio e sabia que seria impossível esquentar alguma parte do corpo com aquela coberta rala.Mas o frio era certo.Deitar na cama com aquela menina esquisita poderia deixá-lo ainda mais trêmulo.Ao frio,então!Ainda mais que quando saia do pub com Norminha, um amigo puxou-o pelo braço vomitando em sua orelha que ele teria uma noite moderna e que estivesse preparado.Já sabia da fama da menina de plástico e cabelos azuis.Foi igual, mas para dormir e escutar o novo disco do Flaming Lips, pois nem um beijo haviam trocado.O mais perto da saliva dela que ele chegou foi ter compartilhado o copo de ceva.
-Não tô com frio não,Norminha.
-Eu tô.
Os olhos arregalados fitando os anjos sacudinhos do lustre da sala, pendurado sobre sua cabeça púdica,sabiam que ela não descansaria enquanto ele não fosse deitar-se na cama com ela.Olhos esses que eram verdes,de um comovente verde-vítima.Ela faz um barulho na cama e pisoteia a parquet como numa marcha militar - aparecendo na sala :
-Vem , Érico !
-Levo o edredon ?
-Não precisa .
-Mas tu não tava com frio ?
-Tava.
-Tua cama é grande,hein !
Acomodados mais ou menos.Impera o silêncio.A barriga dele ronca e ela ri pateticamente,sacudindo os ombros...
Era melhor ele fazer alguma coisa antes que ela começasse a desconfiar da sua masculinidade.Buscou na memória todas as coisas "modernas"que aprendera na teoria por aí.Era a hora de abrir os horizontes da foda ! Norminha já dizia coisinhas em seu ouvido :
-Aquele não era o disco novo do Flaming Lips e tu nem notou.Era Belle and Sebastian.Que mais tu não é?Pssht ! quietinho...
-Não,não...isso não !

Friday, June 23, 2006

Bairro Glória

" Eu ainda te amo - bastou que uma chuva repentina viesse ao meu encontro, para que eu lembrasse da cor do nosso guarda-chuva, tuas mãos apertando meu braço, com dedos frios enfiados numa luva.Bastou que o sol deixasse meu rosto vermelho para que eu lembrasse das manjas nervosas,deixadas por ti em meu pescoço.Mas o telefone tocou lembrando que eu deveria estar lembrando de outro ! "

Sexta-feira,de sol, ou de chuva - mas de certezas.Inquietantes certezas !

Thursday, June 22, 2006

Manual de inverno

Manual de inverno : descobri algo tão maravilhoso que resolvi exercitar minha tímida generosidade.O inverno começou ontem,não ? Pois bem, noite gelada, chuva, escuridão,silêncio...e a inevitável falta de alguém ao meu lado.Foi quando começei esfregar um pé no outro, com intuito de produzir umas faíscas , que uma das meias caiu...provando uma sensação estranha ! Como se meu pé com meia pertencesse à outra pessoa.E esta, estava a esfregar seu pé no meu.Foi lindo ! Gostoso ! Adormeci acompanhada ! " .

Monday, June 19, 2006

Little Alice

"Little Alice mandou lavar o carro . A noite vai refletir em seu capô, estrelas cadentes. O brilho dos dentes do seu novo amor" .

Monday, June 12, 2006

Desbotados

"Olha só que coisa mais linda.Nosso par de taças, cheio de clorofina, com pedras desinfetantes penduradas na borda, exalando cheiro de eucalipto ! Já bebemos coisas melhores.Já entramos em transes piores.O que temos agora é uma grande azia, e nossos capilares desbotados ! Sem germes, sem bactérias.Nossas vísceras nunca foram tão confiáveis.E assim dormiremos, esterilizados e apenas de mãos dadas para que a pureza seja prolongada até a hora da próxima mijada"

Tuesday, June 06, 2006

Conchas macias

" Logo hoje, que eu deveria lembrar de coisas recentes, coisas da noite passada, lembro de você.Aparece sem ser convidado, com aquelas mãos grandes e fechadas em formato de concha ,segurando a mini-alça da mini-xícara de cafezinho.Grandes maçãs vermelhas, sombrancelha erguida, boca pequena - tão pequena- E ao fim do café me diz coisas reprovadoras e infernizantes.Fantasma filho da puta ! "

Monday, May 29, 2006

Os patinhos brancos

"Seu avental sujo de ovo...blábláblá" - Impossível lembrar do resto da letra desta musiquinha cantarolada pela minha prima em época remotíssima em circustâncias.Onde éramos menininhas vestidas com capricho em adornos e gomas. A única coisa que mudava entre nossas roupas era a cor.O modelo era sempre o mesmo, o tamanho do xadrez do casaco também.As cores dela sempre tendiam à feminilidade.Já as minhas, tendiam ao caos das descombinações.Minha mãe não media esforços para que eu ficasse parecida com minha priminha. Minha tia exigia que pelo menos a cor fosse diferente !
Mas não era isso que eu estava pensando em falar. A musiquinha que citei anteriormente, foi o que absorvi da minha parente de casaco feminino e xadrez.Ela remetia essa música à idealização da figura materna.Logo, minha mãe também passou a ser vista como uma camponesa gordinha e estabanada, com o avental sujo e fedorento de ovo....com patinhos brancos ao seu redor.
Isso servia como argumento para que eu absolvesse-a de todos seus ataques de fúria, palavrões endereçados a minha pessoinha.Pois imaginava a pobre mãe, caindo com um cesto de ovos, depois de tropeçar no vai-e-vém do vira-lata...e " seu avental todo sujo de ovo"..Isso porque nesta época eu não sabia o que era fazer pão.E muito menos que pra fazer pão usava-se ovos e avental.Minha prima que era mais esperta, via uma mãe padeira.Eu eu via...bem, já falei.
A paisagem interiorana, de patinhos bonitinhos foi me acenando de longe um adeus definitivo. Vi minha mãe cada dia mais urbana.Mais magra e bonita.Habilidosa com as coisas.Resiliente aos acontecimentos devastadores que jamais encontraria equivalente no meio do mato.De fato, ela sempre viveu nesta enorme cidade, com todas as suas coisas e dores. Eu é que imaginei demais.E desde lá, o que imagino é pesadelo.Prefiro ao mundo real, urbano ou rural...

Wednesday, May 24, 2006

Encontro

"Encontrei o Diabo na esquina ...noite dessas. Não queria perder a chance de vender minha alma.Mas perdi ! Ele apenas queria comprar um ácido forte.Saímos de mãos dadas como velhos amigos.Contamos estórias mil , gargalhamos pelas ruas. Espetamos cachorros de rua com seu tridente afiado.Sua capa envolveu meu corpo que estava gelado pelo frio da madrugada.E seu hálito,baby,ah...era ótimo !!!"

Tuesday, May 16, 2006

Thursday, May 11, 2006

Mãe mamífera

Mãe Mamífera

Não posso falar do amor de mãe de jacarés, polvos ou cigarras.
Entendo a amplitude do amor de uma mãe cadela , mãe leoa, mãe morcega, mãe felina....entre outras que oferecem seu seio para os filhos amados.Fazendo com que seja um momento encantado,de doação,dedicação.Um momento onde a esperança torna-se líquida, descendo pelas glândulas mamárias.Temperando as primeiras sensações gustativas.Saciando uma de nossas primeiras inquietudes.Estar perto dela é estar num céu de nuvens leitosas, estrelas brilhantes.
Tenho filhas mamíferas.Que serão mães um dia, podendo enxergar melhor quem sou.Assim como enxergo melhor minha mãe hoje.
Quem eu amo mama em mim e pra sempre !

Tuesday, May 09, 2006

Willie Dixon

Litlle Red Rooster

Canção de Willie Dixon em versão totalmente literal. Um blues que ficou engraçadinho não deixando de ser penetrante. Tudo maravilhoso.Todos meus pedidos foram atendidos.Até aqueles que não passavam de desejos malucos.
Esta noite será remontada, homenageada....por muito tempo.Ou pelo tempo que restar.

Sunday, May 07, 2006

...

Medéia desesperada ! Agora sem mobílias, sem roupas ou sabonetes. Jogou tudo pela janela.E o vento não pode trazer de volta as únicas coisas que lhe restavam.
Três dias sem comer. Esquelética criatura que seduz sua curvilínea sombra projetada na parede.Sedução que é absolutamente correspondida.A sombra a segue,sempre...Basta uma vela estar com o pavio em chamas.
Não existe mais ninguém que possa tocar seu interfone e salvá-la desta triste dança.
Acho que ela nem tem essa esperança. Apenas deixa que os dias cumpram seu ritual de chegada e partida, levando a cada dia um pouco da Medéia aflita.

Friday, May 05, 2006

Set

O cheiro era de cera em pasta.O cenário era mágico.Uma maçã verde em posição estratégica fazia com que o quadro pintado com as sete carinhas, ficasse harmonioso.Elaborei uma legenda para cada sorriso.Será uma forma de agradecer ao incentivo dado à uma menina sem expectativas pra semana que começava e que saiu com mais uma nova paixão embaixo dos braços : velho sonhos embrulhados em jornal ainda mais velho.
Gustavo : menino pequeno, tímido e "delirantemente feliz". Um puta batalhador..
Valentina : tinha uma visão romanceada das coisas. Uma ingenuidade sem disfarces.Um rosto lindo.
Taís : seguramente a mais falante, a mais corajosa. E nunca ficou pelada nas peças da Terreira da Tribo.
Érico : simpatizei desde que o vi.Sorriso tri sincero. Um ser indignado.Pai de gêmeos.Monstros S.A.
Beto : Gestos e trejeitos pra ilustrar tudo que sabe.E como sabe esse Beto ...
Ana : Dona da casa que tinha um ataúde no sótão, dona de uma voz meiga e olhos fortuitos.Acho que dona do Beto ..( não disse que sabe muito esse Beto ?).
Pedro : Putz ! quanta alegria numa pessoa ! Entusiasta até as cuecas. Pai da Juliete.E posso dizer que foi a pessoa que me disse a coisa mais agradável desses últimos dias.Senão a mais agradável, a mais propícia.
Deixo que imaginem que isso foi uma renião espírita ou uma orgia de deprimidos ...
E o roteiro não pára !

Thursday, May 04, 2006

As fendas

O Homem que pediu para que eu segurasse a porta do prédio para que ele passasse com seu corpo redondo e mãos ocupadas, foi o mesmo que vi, sem intenção de ter visto, enrolado numa toalha desproporcional à sua circunferência.Onde ? Passando distraído em frente à sua janela desnuda de cortina.
A minha janela estava vestida, eu que estava desnuda de bons pensamentos.Ficando imóvel diante da fenda que o tecido fazia.
Nunca gostei dos gordos, mas também nunca tinha visto um sequer, sem roupas. Aquela pequena toalha estava no lugar errado. Fazendo com que eu apenas imaginasse. E eu não queria imaginar.
Ele volta fresco do banho, com as aquelas gotinhas nas costas que os homens teimam em não secar pra prolongar a brisa do banho..
Foi esticar a toalha !
( As fendas dançam como nunca....)
Volta com um cortador de unhas na mão.
De cueca.
Não foi dessa vez !
Nenhum gordo pelado.
Apenas uma criatura com pernas em posição de asas de borboletas, sentado no sofá, lutando contra a resistência que as unhas grossas dos seus pés opunham ao cintilante cortador de metal. Indiferente ao rumo que as lascas amareladas tomavam, ele continuava.
Não pude deixar de lembrar da fenda dançando cadenciada pela minha respiração ofegante, exilada ! À espera de uma novidade.E de quando segurei a porta para aquela criatura que trazia em seus braços, o fardamento de um jogo de futebol , incluindo a bola.
Não gosto dos gordos, nem de homens que amam futebol. Mas assim, as fendas dançam ! Pra não dizer que apenas dançaram. Sim, elas continuam dançando e revelando aos poucos um pedaço do meu nariz, olhos e daqui uns dias, toda minha grande cara de pau.

Monday, May 01, 2006

Culto a Dionísio

Hoje a noite será de Dionísio.
Amor,venereção,dança,sexo,êxtase.
Cor tinta, seco gole.
Aromático,redondo, etílico : vinho !
Vaidade,paixão.Um deus tão humano quanto suas falhas.
Olimpia não vai atender ao telefone.
Dionísio,Dionísio : filho da puta !