Pequenos ares...de "Bolsa de Couro".

Semana passada estive doente.Não bastasse ficar trancada dentro do quarto dependendo da sopa e da vontade-sem-vontade da Carmem,eu ainda recebi visitas que não queria ter visto de cima da cama.Gosto que me vejam como eu realmente sou.Greluda.Não tal uma tísica com cara de véspera de morte.Aliás,dizem que de véspera a pessoa sempre melhora,fica bem mesmo.Para quem tem saúde de ferro, uma caganeira com vômito é o final dos tempos : fiz meu invetário de sentimentos e cacos velhos.Tudo mentalmente,levantar ou dizer à alguém exigia muito.
O fedor é do papai - lembrei do meu velho pai.A mãozinha é da mamãe.Febre,a febre deixa as coisas neste estágio.
A Carmem está comigo há uns nove ou dez anos.No começo era caprichosa,cozinhava bem,não usava perfumes doces,tinha um marido,gastava o dinheirinho dela comprando potinhos,tapetinhos,elefantinhos,corujinhas.Essas lojas de badulaques baratos viviam cheias de gente feito a Carmem.A cama do marido dela também.O quarto dela aqui em casa é confortável e a única coisa que a lembra dos tempos dos elefantinhos, é a gaveta abarrotada de calcinhas ambiciosas.Eu mesma já meti-me em algumas delas sem que ela soubesse.Tem tantas que nunca deu falta.E eu não lavo,uso e jogo fora.Se forem colocar calcinhas no lixo e este for de coleta seletiva,coloquem no compartimento dos plásticos.Preguiça de explicar agora..